Filme sobre assassino de John Lennon mal recebido nos EUA

A crítica norte-americana acolheu com desagrado o filme documental «The Killing of John Lennon», que relata a obsessão do homem que matou o músico integrante do grupo inglês The Beatles em Manhattan, Nova Iorque, a 8 de Dezembro de 1980.

O docudrama dirigido por Andre Piddington investiga a figura do homem que liderou o grupo e que, juntamente com Paul McCartney, compôs a maioria das suas canções, segundo a publicação especializada The Hollywood Reporter.

«The Killing of John Lennon», estreado no Centro IFC de Nova Iorque, «carece da profundidade que poderia justificar a sua existência», escreve.

A película cobre quase toda a história do assassino, incluindo o seu casamento em Honolulu, as suas viagens a Nova Iorque e a sua obsessão pelo romance «The Catcher in the Rye», de J.D. Salinger, uma das obras de culto da literatura contemporânea dos Estados Unidos, com duas traduções de título diferente em Portugal («Uma agulha no palheiro» e «À espera no centeio»).

O filme evoca também a indignação contra Lennon, que considerava um hipócrita, e mostra o que aconteceu após o assassínio, nomeadamente uma sessão com um psiquiatra da polícia.

Segundo The Hollywood Reporter, Piddington procura mostrar o estado mental de Chapman com eficientes recursos estilísticos, incluindo sequências em que este imagina o assassínio de um casal homossexual.

«No entanto - escreve -, apesar desses esforços para dar um contexto psicológico às suas acções, ele continua a ser um enigma...cujas motivações resistem a uma explicação».

A publicação tem comentários menos duros relativamente a Jonas Ball, o actor que encarna o assassino e que, com as suas expressões faciais e os seus monossílabos, proporciona um quadro «aterrador» do assassino.

Muito mais drástico na sua crítica, o diário The New York Times escreve que o filme está bem feito mas não deixa por isso de ser «uma decepção total».

Stephen Holden, crítico do diário, afirma que, embora a película não peça que o espectador sinta simpatia, obriga-o a passar quase duas horas na sua desagradável companhia. «Isto é pedir demasiado», observa Holden.

«Com a sua mania da grandeza, o seu narcisismo, as suas alucinações e as suas bruscas mudanças e humor, Chapman aparece como um estúpido de quem se fugiria ao cabo de poucos minutos de conversa com ele num bar», escreve ainda.

Diário Digital / Lusa