TEL AVIV - O ex-Beatle Paul McCartney realizou com sucesso seu show "Amizade primeiro" no parque Yarkon em Tel Aviv diante de 40 mil pessoas que ouviram 30 canções da carreira solo e dos Beatles. Paul sofreu ameaças de líderes islâmicos radicais que entenderam sua visita como um endosso da política israelense contra os palestinos mas nada aconteceu.
Centenas de policiais montaram um esquema de segurança. A polícia informou que era apenas o necessário para uma aglomeração daquele tamanho e que não houve medidas extraordinárias por falta de ameaças concretas. Paul rebateu as ameaças com uma declaração de que ia ao país pela paz entre israelenses e palestinos. Ele incluiu no roteiro a canção "Give peace a chance", de John Lennon, que a multidão cantou com ele e, depois, sozinha.
Os Beatles foram proibidos de se apresentar em Israel há 43 anos sob alegação que eram uma "influência perniciosa". McCartney desembarcou quarta-feira em Tel Aviv e, ao chegar no hotel, acenou para os fotógrafos:
- Alô, sou eu. Sou eu de verdade, podem estar certos -brincou.
Horas depois fez uma visita surpresa a Belém, na Cisjordânia, onde acendeu uma vela na Igreja da Natividade, erguida no lugar onde Jesus teria nascido.
- Precisamos de paz na região e de uma solução com dois estados. Trago uma mensagem de paz que é o que a região precisa. Esta é a minha pequena contribuição - disse ele.
A proibição aos Beatles em 1965 foi atribuída à primeira-ministra Golda Meir, mas o historiador israelense Alon Gal disse à agência Reuters que a proibição veio de uma junta cultural, já extinta, porque tinha havido tumultos na passagem pelo país do artista inglês Cliff Richard, um placebo
de Elvis Presley. O embaixador israelense na Grã-Bretanha pediu desculpas em janeiro pela recusa aos Beatles e convidou Paul e Ringo a irem tocar no país. A visita de Paul teve ecos da Beatlemania com todas as rádios tocando músicas do quarteto e da carreira solo de cada Beatle. Israel é freqüentemente boicotado por artistas populares estrangeiros que temem ser confundidos como simpatizantes do governo em sua dura política contra os palestinos.