Crítica lançada pelo site O DIA (www.odia.com.br)
Fernando de Oliveira
Rio – Dois CDs com versões de artistas brasileiros para canções de Paul McCartney e George Harrison chegam ao mercado. A coleção Letra & Música, que também tem um volume sobre George Gershwim, mistura músicas gravadas especialmente para o projeto com outras já lançadas e conhecidas do público, cantadas em inglês e também em português.
Canção inédita que McCartney fez para Sinatra é o destaque
O volume dedicado ao mais baladeiro e versátil dos quatro rapazes de Liverpool – Paul McCartney – tem apenas mulheres interpretando suas canções. Rita Lee, Rosa Maria, Cássia Eller, Leila Pinheiro, Gal Costa, Daniela Mercury, Silvinha, Pato Fu, entre outras artistas, unem seus talentos a algumas belas composições do hoje Sir Paul McCartney.
Mas, de tudo e todas, quem mais se destaca é Twiggy com sua versão muito bem produzida de Suicide, música que Paul McCartney que fez para Frank Sinatra (que nunca a gravou) e que tinha seu único registro em disco com apenas oito segundos. A música, que nas versões que circulam em bootlegs sempre teve um clima de cabaré, acaba se transformando em uma animada canção, com um arranjo primoroso (confira o vídeo de McCartney cantando parte da música e a versão de Twiggy no fim do texto).
O resto do CD (se é que se pode chamar o time de craques reunidos aqui de resto). Ouvir a versão de Rita Lee (ainda com todo o clima Mutante) para And I Love Him (Her), ou Silvinha cantando Adeus (versão em português para Goodbye, de 1969) nos lembra como a obra do ex-beatle sempre foi respeitada em nosso país.
Mas, além de Suicide, os grandes destaques ficam mesmo por conta das gravações feitas especialmente para o projeto. A belíssima versão de Junk gravada por Jullie, que dá tons de Wilson Phillips ao registro e que no CD As Outras Cores do Álbum Branco (leia sobre ele aqui) registrou a versão instrumental da canção, a levada bossanovesca de Liah em Girlfriend e a
releitura que Havelyn Costa faz para I Am Your Singer (que acaba fazendo jus a uma bela música extremamente mal cantada na sua versão original por Linda McCartney) devem deixar McCartney orgulhoso com os novos rumos dados para suas composições.
Talvez a energética versão de Maybe I"m Amazed feita por Taryn Szpilman seja uma ausência sentida neste tributo, mas com certeza não tira o brilho do lançamento.
Nota: 7,8
Disco para Harrison é menos inspirado
Como o próprio encarte do CD explica, problemas contratuais impediram que as versões de Lulu Santos para Here Comes the Sun (Lá vem o Sol) e de Marisa Monte para Give Me Love não puderam ser incluídas. Porém, temos a conhecidíssima versão de Zizi Possi para Love Comes to Everyone (O Amor Vem Para Cada Um), como carro-chefe do tributo ao Quiet Beatle.
Infelizmente as 10 canções (no CD de McCartney são 18) contidas no disco repetem artistas (o que não é pecado devido à qualidade dos mesmos) e não apresenta nenhuma grande novidade. A minha preferida é a divertida e diferente versão de Taxman, lançada em 1967 por Meire Pavão, com o título Chame um Táxi. Claro que a While My Guitar Gently Weeps, de Zé Ramalho
(novamente presente) e Piggies, na versão de Twiggy & Andréas Kisser"s Losttapes, não fazem feio mas não acrescentam muito ao produto. Vale como curiosidade.
Nota: 5,5